Pesquisa foi feita pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).
Levantamento entrevistou 31.922 pessoas em 71 cidades com mais de 300 mil habitantes.
O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) divulgou, nesta terça-feira (29), que 15,7% da população que vive em situação de rua no país têm a esmola como principal meio de sobrevivência. O estudo, feito em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), também revelou que 70,9% exercem atividades remuneradas como catador de material reciclável, flanelinha, estivador, na construção civil e no setor de limpeza. A maioria (52,6%) recebe entre R$ 20 e R$ 80 por semana.
Segundo informações da Agência Brasil, o levantamento foi realizado em outubro do ano passado e envolveu pessoas com mais de 18 anos que vivem nas ruas de 71 cidades brasileiras, com mais de 300 mil habitantes. A pesquisa identificou 31.922 pessoas em situação de rua no país.
De acordo com a pesquisa, 58,6% dos entrevistados afirmou ter alguma profissão. A área de construção civil aparece como opção profissional para 27,2% dos moradores de rua. O comércio surge como trabalho para 4,4% dos entrevistados, o trabalho doméstico para 4,4%, e a atuação na área de mecânica para 4,1% das pessoas.
Segundo o texto da pesquisa “esses dados são importantes para desmistificar o fato de que a população em situação de rua ser composta por 'mendigos' e 'pedintes'. Aqueles que pedem dinheiro para sobreviver constituem minoria”. No entanto, 1,9% dos entrevistados confirma trabalhar com carteira assinada. Outros 47,7% nunca tiveram experiência em trabalho formal.
“Moradia”
O levantamento mostrou que os entrevistados vivem em calçadas, praças, rodovias, parques, viadutos, postos de gasolina, praias, barcos, túneis, depósitos e prédios abandonados, becos, lixões, ferro-velho ou pernoitando em instituições como albergues, abrigos, casas de passagem e de apoio e em igrejas.
Entre os entrevistados, 71,3% disse que passou a viver e morar na rua por conseqüência de alcoolismo ou uso de drogas, desemprego ou brigas familiares. Pela pesquisa, 79,6% fazem pelo menos uma refeição por dia e 19% dos entrevistados não conseguem se alimentar todos os dias.
A maioria das pessoas (69,9%) dorme nas ruas, 22,1% em albergues e 8,3% costumam usar as duas alternativas para dormir. A liberdade é um dos motivos para apresentados pelos entrevistados para justificar a escolha por locais públicos para dormir, além da não proibição do consumo de álcool e drogas.
Apoio público
Ainda de acordo com a pesquisa, os programas governamentais não alcançam 88,5% dos entrevistados, que negam receber qualquer benefício do governo. Do total, 95,5% disseram não participar de nenhum movimento social e 61,6% não votam.
Apenas 13,4% das pessoas consultadas se negaram a responder ao questionário da pesquisa. Desses, 36,6% disseram desacreditar que o levantamento pudesse beneficiá-lo, outros 18% não acordaram para responder, 14,3% estavam embriagados e 14% aparentavam transtorno mental.
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