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Intervenção da CBF aumenta desgaste de Dunga na seleção

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Dunga só fica se ganhar o ouro em Pequim

Dunga só fica se ganhar o ouro em Pequim

RIO - A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) já definiu sua estratégia para lidar com Dunga até a saída do treinador da seleção, o que só não será concretizado na hipótese de o Brasil conquistar a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim, em agosto. A entidade vai desgastá-lo pontualmente até que o técnico admita que sofre um processo interno de fritura irreversível e peça demissão.

Desta forma, os dirigentes da CBF "lavariam as mãos" e poderiam repetir a desculpa já adotada outras vezes: a de que "foi o treinador que quis sair". Vanderlei Luxemburgo, o mais cotado para substituir Dunga a partir de agosto, conheceu esse artifício nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, quando também perdeu o cargo de técnico da seleção brasileira.

O Estado ouviu nesta sexta-feira quatro pessoas que mantêm alguma relação com a direção da CBF. Três delas têm a mesma opinião sobre esse processo de fritura, a partir da decisão da entidade de impor a Dunga a convocação de Ronaldinho Gaúcho para a Olimpíada de Pequim. De todas, somente o presidente da Federação de Futebol de Pernambuco, Carlos Alberto Oliveira, não pediu que seu nome não fosse divulgado.

"O fato [a imposição de chamar Ronaldinho] é sintomático. Conheço esse estilo de comando na CBF há 20 anos. É de nunca bater de frente quando se quer afastar alguém. O que se faz é isso: começar a dar sinais, a comer pelas beiradas. E agora o primeiro sinal público foi dado ao Dunga do que vai acontecer", disse Carlos Alberto Oliveira, foi vice-presidente da CBF por quatro anos e chegou a dirigi-la interinamente em 1992.

Em entrevista nesta sexta-feira ao site Terra, Dunga disse que a convocação de Ronaldinho Gaúcho para a Olimpíada já estava planejada havia três meses e enfatizou que existe uma campanha, que partiria de fora da CBF, para que ele seja demitido. "Sei que querem a minha cabeça porque criei uma zona de desconforto para quem estava acostumado a cobrir a seleção brasileira sem sair de casa", declarou o técnico, dando a entender que se referia a alguns profissionais da TV Globo. "Queira ou não queira, a poderosa manda e os caras que trabalham para ela acham que mandam."

Apesar dessas declarações, amigos do treinador confirmaram que ele ficou contrariado com a forma como a CBF conduziu o processo de convocação de Ronaldinho Gaúcho para os Jogos de Pequim. Enquanto isso, a entidade, por meio de sua assessoria de imprensa, negou que tenha havido uma intervenção no trabalho do treinador.

PROBLEMAS INTERNOS

Em quinto lugar nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010, a seleção brasileira vive uma crise cujo alvo principal é mesmo Dunga. Vaiado intensamente durante o empate do Brasil com a Argentina, na última quarta-feira, no Mineirão, o técnico vem acumulando desgaste não apenas com torcedores e dirigentes da CBF, mas com integrantes da sua própria comissão técnica.

Em quase dois anos à frente da seleção, Dunga já se envolveu em incidentes com o chefe da segurança, coronel Castelo Branco, e com o supervisor Américo Faria. E, mais recentemente, criou um mal-estar público com o médico José Luís Runco por causa da cirurgia a que foi submetido o meia-atacante Kaká no final de maio, no Rio.

Explosivo e sempre pronto a lidar de forma deselegante com a imprensa nas entrevistas coletivas, Dunga chega, às vezes, a situações extremas. Na final da Copa América de 2007, quando ainda comemorava em campo o título do Brasil, o treinador agarrou o pescoço de um fotógrafo e o sacudiu. Estava irritado com a cobertura do veículo a que pertencia o profissional na campanha da seleção na Venezuela.

Já a atitude mais ríspida de Dunga com seus pares teve como alvo o coronel Castelo Branco, figura muito querida na seleção. O treinador chamou a atenção do militar aos palavrões por causa da presença de cinegrafistas e fotógrafos numa área reservada, na Granja Comary, concentração da CBF em Teresópolis (RJ), após um treino da seleção. Desde o problema, ainda em 2006, Castelo Branco passou a se ausentar da maior parte das atividades da equipe na cidade serrana.

Dunga também tem dificuldades de assimilar a hierarquia na seleção. Às vezes, "atropela" outros auxiliares, como os assessores de imprensa, e toma decisões unilaterais e impulsivas Pelos últimos resultados ruins, a irritação crescente dos torcedores por todo o País, a falta de um padrão de jogo da seleção e todas essas desavenças internas, resta somente a conquista do título olímpico em Pequim para que Dunga continue tentando levar o Brasil ao Mundial da África do Sul em 2010.

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